quinta-feira, 25 de setembro de 2014

AS LIÇÕES DAS ÁRVORES



Se as árvores pudessem falar, o que nos diriam? Que segredos poderíamos saber a partir dos seus relatos?
Elas resistem aos temporais, ao calor, às chuvas, aos ventos. Muitos se abrigam sob sua sombra, servem-se dos seus frutos.
...
Quantas gerações sobem em uma mesma árvore, através dos anos?
Seria verdadeiramente maravilhoso se entrevista deste gênero se pudesse concretizar. Seriam tantas as informações que nos poderiam fornecer as árvores que assistiram batalhas notáveis, com vencedores e vencidos; Ou as árvores das ruas, que veem passar as crianças, se tornarem adultos e terem seus próprios filhos.
Que nos poderia confidenciar aquele resistente carvalho polonês, crescido à entrada de um quartel, que se transformou em um campo de concentração nazista?
Quantas vítimas passaram sob seus galhos? Quanta fumaça dos fornos crematórios terá respirado?
Sim, elas não podem falar. São testemunhas mudas. No entanto, nos dão a lição da serenidade pois assistem beleza, morte, tristeza, com a mesma serenidade.
Acompanham o decorrer do tempo e não lastimam a soma dos anos. Em sua imobilidade, nos lecionam resistência. E, não importando a maldade ou a bondade das criaturas, oferecem a mesma sombra, os mesmos frutos, servindo sempre.
Pensemos nisso. Aprendamos com elas.
 
FONTE: facebook

ITAN DAS FOLHAS



Será que Osanyin realmente perdeu o segredo das folhas?

Uma antiga história yorùbá versa que Osanyin era o único Òrìsà que conhecia o segredo das folhas. Ele, por conta disso, foi considerado um dos grandes pais da botânica yorùbá, ganhando notório prestígio dentre todos. Sobre isso, não podemos esquecer que na sociedade yorùbá, as folhas possuem um papel determinante, sendo que para tudo no culto aos Òrìsàs as folhas são utilizadas, afinal, como diz o ditado "Sem folha não há Òrìsà".

Mas, isso causava certo desconforto aos demais Òrìsàs, pois para tudo eles dependiam de Osanyin. Esse desconforto acometia principalmente Sàngó, o grande rei da cidade de Oyo. Sàngó sentia-se minorado por depender de Osanyin e, insatisfeito, lamentou-se com sua Ayaba à época, a grande rainha dos ventos, Yansan.

Yansan sabia que os segredos da utilização das folhas, os incontáveis Ofós, eram guardados por Osanyin na copa de uma gigantesca árvore de Iroko. Osanyin, cuidadosamente guardava todos os mistérios que havia aprendido em uma cabaça, acreditava ele, que ali, na copa do frondoso Iroko ninguém jamais ousaria arriscar-se a lhe roubar, corroborava esse pensamento, o fato das Divindades possuírem grande medo e respeito pela árvore de Iroko, vez que essa árvore também é a morada de diversos espíritos, principalmente durante a noite.

No entanto, Yansan não precisava sequer aproximar-se da árvore de Iroko, ela possuía o poder de comandar os grandes vendavais e assim, com o intento de deixar seu marido Sàngó, feliz, produziu uma tempestade de vento como nunca havia se visto antes. Todos ficaram com muito medo, muito medo mesmo. Certo momento, o vento chegou à árvore de Iroko, onde estavam guardados os mistérios das folhas e o exemplar de cada uma delas. O vento produzido por Yansan, fez com que a cabaça caísse ao chão espalhando todos os exemplares das folhas guardadas por Osanyin. O grande Deus da folha atordoado com aquilo, correu e conseguir pegar todos os Ofós (magias), por outro lado, cada Divindade começou a pegar os exemplares de folhas que se espalhavam por conta do vento.

Desse modo, Yansan colheu folhas como Afere, Sango, pegou exemplares como Ipesanyin, Tanna-Tanna e Ewe Iná. Ogun, pegou folhas como Peregun, Odan e Araba. Osun atraiu-se pelas folhas de Osibata e Ojuro, seu filho, Logun-Ede, colheu muitas folhas de Bomimu e, assim, cada Orisa pegou um bom montante de folhas que hoje, são as folhas que destinamos a eles.

Apesar disso, quando todos os Òrìsàs estavam cheios de folhas, eles se deram conta de que não sabiam como potencializar cada uma delas, eles perceberam que, apesar de estarem com tantas folhas, não sabiam exatamente o que fazer com cada uma delas e, continuaram dependendo de Osanyin. Por essa razão, até hoje, nós do Terreiro de Òsùmàrè, antes das obrigações, todos os filhos da casa louvam as folhas de Osanyin, para potencializar suas propriedades para que, posteriormente, elas possam ser utilizadas por todos os Òrìsàs.

fonte: yle asé Òsùmàrè